Wednesday, September 08, 2010

INTERAÇÃO AUTOR/TEXTO/LEITOR NA BUSCA DAS ESCRITURAS

A disciplina Português 2, do curso de Validação de Créditos de Bacharel em Teologia que fiz em 2006, requereu dos alunos um trabalho sobre a interação entre o autor e o leitor na comunicação escrita. Em meu trabalho, de duas páginas mais um parágrafo (leia todo o texto aqui), defendi que essa interação depende, antes de tudo, do grau de interesse do leitor pela produção do autor. O próprio autor, ao produzir suas obras, já reage também como leitor em equivalente grau de interesse por determinados assuntos.

É claro que esse grau de interesse existe apenas no leitor verdadeiro, que não é aquele simples consumidor de ideias passivo e inconsequente. Esta espécie de leitor, na verdade, faz apenas leitura superficial ou seu campo de conhecimento é muito limitado sobre o assunto abordado. Não consegue interagir efetivamente com o texto, o que se percebe em seu diálogo com ele, em assentimento ou oposição. Não havendo leitura atenta e nem capacidade de associar o texto com outros discursos, a interação do leitor com o texto e seu autor fica evidentemente prejudicada.

Como isto se aplica na leitura da Bíblia?

Primeiro, como isto se aplicou nos próprios autores humanos das Escrituras? Os que creem na inspiração plenária e verbal das Escrituras estabelecem a priori que seu autor primário é o Espírito Santo. Mas os autores humanos não foram meros instrumentos secundários, como um Chico Xavier psicografando mensagens do além.

2 Pedro 1.21 nos revela que “homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo”. Este mover do Espírito não os anulava nem lhes ditava termos e frases, mas os conduzia em interação pessoal consciente com os assuntos que abordavam de tal forma que podemos afirmar que sua autoria humana na verdade vem a ser uma coautoria. Eles são responsáveis pelo que escreveram, pela forma como interpretaram suas visões, sonhos, a literatura disponível a eles, além de fatos históricos precedentes e de seu próprio tempo, dos quais fizeram leitura atenta e sóbria. Foram autores humanos primários que interagiram, por comunhão de interesses, com o autor divino. O Espírito Santo, por sua vez, lhes preparou previamente o respectivo campo de conhecimento para que pudessem efetuar seus registros com autoridade e credibilidade.

Não é diferente nos que são alcançados pela graça em todos os tempos, analfabetos e letrados. Analfabetos e surdos-mudos podem ler as Escrituras no ouvir a pregação e observar a vida da igreja quando esta se torna plenamente interativa com os autores humanos da Bíblia, no mesmo grau de equivalência em comunhão de interesses que estes tiveram com a obra do Espírito Santo. É claro que o diálogo dos letrados com o texto inspirado por Deus tem que se tornar mais quantificado e qualificado. Mas não pode haver diferença quanto ao grau de interesse que apóstolos e profetas manifestaram ao lidar com a gloriosa e soberana obra que o Deus de Abraão realizava neles e no mundo de seu tempo, dentro e fora da igreja.

O Espírito Santo produz nos que são efetivamente chamados um tipo especial de inteligência – a inteligência espiritual – que já vem acompanhada de especial grau de interesse em toda obra de autoria do Altíssimo. Assim, eles vivem em constante interação e coautoria com todos os autores humanos da Bíblia e, principalmente, com seu Autor Santo, que é sua causa primária.

2 comments:

Unknown said...

Pr. Marcos,
Mais um canal de evangelismo que se tem, não é?

Abtaços,

Neidinha.

Marcos Antonio said...

Verdade, Neidinha. Obrigado pelo comentário.